quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Patrimônio Cultural imaterial: Parte II


por Cosma Araújo
 
 Espaços das águas enquanto lugares de memórias.


O rio juazeiro, principalmente nos meses de férias tem recebido muito turista e isso têm afetado a paisagem do mesmo, pois alguns visitantes, deixam jogado as margens do rio, o lixo utilizado por eles, ( garrafas pets, lata de cerveja, copos, sacos etc). E isso afeta, diretamente a vida do nosso tão belo rio e das pessoas que dele usufruem.
 
A importância que o rio tem no Ceará, não e de hoje, pois a ocupação do território cearense se deu, sobretudo, a partir dos rios. Coreaú não foi diferente, na subida dos rios Coreaú e juazeiro, constituíram as primeiras fazendas de criar e de plantar. Assim, o rio juazeiro é um patrimônio que precisa ser preservado e valorizado por todos. 
 
O patrimônio natural também é cultural, pois são lugares, sobretudo de memórias, que remetem a relação do homem com o meio. Remete também, a memoria coletiva e individual. 
 
É nos rios e açudes que as lavadeiras manifestam seu oficio, ensaboam, esfregam, batem, botam para quarar, enxaguam e torcem, depois é só colocar para secar, de preferencia sobre as arvores ou em da cerca mais próxima. Enquanto realizam o processo de lavagem olham as crianças que brincam na agua sem ver a hora passar.

Ainda ligado ao espaço das águas, conhecemos os pescadores, estes que através das conversas inacreditáveis fortalece o imaginário local sobre as aparições durante a pescaria. Além da técnica da pescaria, que lhe e própria. Os rios são espaços de lazer, trabalho, sociabilidades, amizades e namoros.

As crianças brincam no rio.
As lavadeiras lavam e conversam no rio.
Os pescadores pescam no rio
E contam rios de historias.
As vacas bebem no rio.
As meninas namoram no rio.
O Homem vive o rio
E o rio vive no Homem.
 
(Poesia de Cosma Araújo)

Portanto, Patrimônio é tudo aquilo que diz algo sobre nós mesmo, nossa herança deixada pelos nossos antepassados, a nossa maneira de falar, agir e sentir, as nossas festas tradicionais, os monumentos, as fotografias, os documentos dos arquivos, as casas antigas e recentes que possuem importância para nossa história.
 
As casas de farinha, os engenhos, as fazendas, os saberes ligados a esses espaços, o descascador de mandioca, o vaqueiro. Os contadores de histórias como seu Sebastião Viana e suas historias de visagem. Os populares que fazem parte de nossa memória, tais como o famoso Raimundão o homem do café e o Zé da Huga etc. As lendas, da mulher chorona, do lobisomem, do amortalhado, do assobiador etc. Tudo isso faz parte do nosso patrimônio cultural.
 
Como preservar esse patrimônio que é tão rico?

Segundo o IPANH O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo, desse modo, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Pode ser transmitido de geração em geração e registrado de diversos meios. 
 
Os livros de registro do patrimônio imaterial se dividem em quatro categorias. Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; - Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; Celebrações: rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social.

Para que a preservação aconteça é preciso;

- Participação de todos no cuidado constante com o patrimônio.
-As comunidades têm que ajudar na conservação do patrimônio.
-É necessário discutir a questão da preservação com todo mundo.
- É importante levar estas ideias para dentro das escolas para que as nossas crianças cresçam com uma nova visão sobre a sua terra e sua história.
-Através de projetos como oficinas que levem a educação Patrimonial para as escolas, politicas públicas na área cultural que valorize, sobretudo, o Homem em sua dignidade plena. 
 
As pessoas precisam saber que o patrimônio está próximo delas, que tem haver com a realidade que elas estão inseridas, não haverá uma preservação de um bem, se as pessoas não se identificam com ele e não se reconhecem nele. 
 
Não é possível um resgate das tradições, mas é preciso conhecê-las. A História de Araquém, é uma história riquíssima e precisa se conhecida, é necessária o empenho de todos. Necessitamos do apoio da comunidade, das Escolas, associações e principalmente. 
 
Acreditamos que há sempre algo novo a ser descoberto sobre nós mesmos, e que conhecer a história de nossa cidade significa voltar-se para elas mesmas, que o passado está presente, que nós somos sujeitos de memórias e agentes sociais, e que a cultura é dinâmica e diversa.

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