segunda-feira, 4 de março de 2013


Considerações sobre a importante contribuição do Professor Zé Maria ao ensino, à educação e à conscientização política, filosófica e ideológica.

Bom, aproveitando o ensejo em que o professor Antônio Marcos (Marcos Souza) apontou em seus bem fundamentados e proveitosos textos publicados nas redes sociais sobre o professor Zé Maria, eu também, que devo em muito minha formação ao Zé Maria, vou tecer algumas considerações sobre a importância politico/social/educacional deste grande personagem que já é parte integrante da história da educação de Coreaú. E sem desmerecer todos os bons professores que tive, o considero o melhor. Falarei sobre ele, seu caráter e sua competência, seus alunos emancipados politicamente, seus admiradores e seus invejosos, afinal nenhum professor obteve tanta admiração e respeito como este professor.

Eu conheci o professor Zé Maria em 2004 quando foi estudar o ensino médio em Araquém. Quando chegamos lá muitos me disseram que o mesmo era “carrasco”, talvez no sentido de rigoroso. Mas também um amigo me disse que ele (Zé Maria) tinha abandonado um emprego estável e de status no Fórum de Coreaú para se dedicar à educação, o que o me fez olhar de modo diferente para ele. Estudávamos à época no anexo da Flora Teles que ficava ali perto do comercial Zé Totó, na atual casa do Vicente Bento. Depois nos mudamos, é certo. Como estudante vindo do interior, tímido e fazendo pouco caso do valor do estudo e da educação, era pouco inclinado para a importância crucial dos estudos. Bem, tinha motivos: vinha do Boqueirão, educação ruim, muitos professores despreparados e outros sem nenhum nível de politização perante os problemas essenciais da educação. Bem, mas também tinha muitos competentes e empenhados na causa da educação, se não eu não teria resistido e chegado lá.

Chegando lá, terminei o primeiro ano de forma mediana, mas terminei. Com as “puxadas de orelha”, as provocações no sentido de incentivar todos a participar dos debates e das aulas feitas pelo professor Zé Maria, ter desenvoltura nas matérias dele (na época História, Filosofia e Geografia). Passando o tempo, vim a melhorar no segundo ano. Do segundo para o terceiro ano fiquei melhor, e no terceiro estava no nível elementar esperado para um aluno, que já poderia ser considerado um estudante.

Bom, mas acredito que a contribuição fundamental do professor Zé Maria para mim não foi no sentido de me acordar para a importância dos estudos. O foi em grande parte, é indubitável. Mas acho que eu tinha um pouco de inclinação para estudar, era um estudante mediano. O professor me acordou politicamente, para os problemas essenciais da politica, da comunidade, da politica partidária. Lembro que eu não sabia o que era uma CPI, não sabia o que era um partido político de esquerda ou um partido politico de direita. Não sabia o que era grupos hegemônicos de poder e controle politico e cultural. Não sabia escolher e analisar um candidato. Aprendi o que é colonização mental, controle de mentes e despertei do sono político em que estava submetido. Enfim, era um analfabeto político. A maior e mais nefasta forma de analfabetização que considero, sendo que a segunda é o obscurantismo científico. Hoje conheço todos os partidos, pelo menos o que significam elementarmente, do número 10 (PRB) ao número 70 (PT do B)!

Aprendi ainda com o professor Zé Maria valores e princípios. Humildade, respeito pelas diferenças, fascínio e admiração pela diversidade cultural. Amor ao próximo, mesmo que distante, no sentido de ajudar quando precisar, e se distante, ficar na torcida pelo sucesso do meu semelhante. Aprendi uma coisa que admiro muito nele: a competência e como atualmente estou sendo professor, tento seguir o mesmo. Ou seja, o professor Zé Maria sempre chegava na sala de aula antecipadamente. E saia só no tempo de que a hora da aula terminava. Nunca faltou às aulas, nunca “enrolou” aula e sempre lecionou de forma bastante eloquente. Um dia eu e um amigo estávamos conversando e de forma descontraída perguntamos um ao outro se o professor Zé Maria não adoecia, uma vez que ele nunca faltara uma aula e nem chegara atrasado. Ensinou-nos a fundamentar e concatenar nossas ideias. Nos ensinou a argumentar nossas posições politicas e respeitar as opiniões divergentes. Nos ensinou a participar e se engajar com as “coisas”. Mudar, e melhorar as coisas para todos.

Com o isso, o professor Zé Maria ganhou nossa admiração e respeito. Ganhou seguidores, é certo. Bom, a psicologia explica que quando admiramos uma pessoa nós nos espelhamos nela, obedecendo a um mecanismo do ego chamado identificação. E como “abriu” os olhos de muita gente, adquiriu uma gama de invejosos e recalcados que nunca atingiram o nível do professor Zé Maria, nem de longe e nem de perto! O Zé Maria politizou muita gente e daí que “todo homem que mostra o futuro enfrenta mil homens que olham e insistem em permanecer no passado”. Ou seja, não se pode ensinar a pensar politicamente. Pode-se ensinar matemática, ciências, português, mas não se deve ensinar política. Porque? Por que os mocinhos tornam-se vilões. As mascaras caem. Os peixuxas, que outrora eram amiguinhos dos peixes, que davam bom dia quando é de dia, boa noite quando é de noite, e se não é de dia e se não é noite, eles amavelmente dão maresia, mostram suas verdadeiras caras, seus jogos de interesse. Ou seja, os que estão jogando seus interesses acima dos valores, os que querem poder e prestigio.

O professor Zé Maria foi e é um grande pensador político, um grande conscientizador. Em suma um grande emancipador! Ora mais eles seguem o Zé Maria!, dizem. Errado. Eu faço parte de agremiações sociais e políticas que o professor Zé Maria também é membro e não sei quantificar quantas vezes vi pessoas (muitos ex-alunos dele) discordarem acidamente do mesmo. Eu mesmo sempre tive dissidências com o mesmo e de forma respeitosa só tenho ganhado com isso. É prazeroso para mim discordar de um humanista, um homem de renascença como o Zé Maria. Se aprende muito quando se faz isso. O professor Zé Maria é um Kant da vida, nos ensinou a pensar por si só, sermos donos de nossos pensamentos e atitudes. E se defendemos pontos de vistas políticos, filosóficos e ideológicos é porque neles acreditamos piamente. E se o professor Zé Maria e outros também os defendem é por mera coincidência e não porque os seguimos. Se tem alguma pessoa que sigo nesta vida, esta pessoa deve ser com certeza o filósofo alemão Nietzsche a quem proferiu a frase: “deveis buscar o vosso inimigo e fazer a vossa guerra, a guerra pelos vossos pensamentos. E se o vosso pensamento sucumbir, a lealdade a sua convicção, contudo, deve cantar vitória”. E a assim o sigo...
Como não vivencio a escola Ruth Cristino, sua politica educacional e sua politica interna não tecerei comentários acerca dela, mas é certo que é um erro grosseiro o professor Zé Maria ficar fora de sala de aula. Fará falta para o crescimento politico-educacional dos alunos desta escola. Não terão, indubitavelmente, a consciência politica que o mundo exige de todos nós estudantes. A vida pedirá que eles se posicionem politicamente e aí como se posicionarão se não tiverem formação politica suficiente para tal?! Então a campanha “volta Zé!” é mais do que oportuna, é urgente!

Por fim, o texto do professor Marcos Souza foi muito feliz, porque “puxou” o debate sobre esse importante personagem de nossa educação, que é o notável professor Zé Maria. Mostrou que existem muitos admiradores de nosso professor e por isso, muitos invejosos e covardes anônimos que morrem de inveja e raiva do professor Zé Maria e que sabemos quem são. Acho que é assim que se deve escrever para as redes sociais, ou seja, problematizando, polemizando, trazendo o debate à torna, como costumo falar que é necessário se fazer.

Valdecir Ximenes, sempre aluno do Professor Zé Maria e atualmente professor de Matemática no ensino fundamental II.