domingo, 12 de janeiro de 2014

Keep Left (Mantenha-se à esquerda)

Por Marcelo Mascarenhas

Orientação de Tráfego à Esquerda na Austrália

O que é certo nessa vida? O que há por trás do que é certo ou errado? Existe o que é certo ou errado?

Eu começo esse texto com essas perguntas justamente para chamar a atenção de você para um fato que me chamou atenção. E isso sim foi real e posso categorizá-lo como “acontecido”. Vamos ao fato: tava eu sentado conversando com um amigo daqui. Ele nasceu num país (Indonésia) onde a regra de trânsito fala que o fluxo deve sempre seguir na faixa esquerda da pista (tendo o motororista como referência). A conversa chegou ao assunto left or right, which is the  right one? (Esquerda ou direita, qual é a correta?) A gente discutiu um pouco sobre e eu fui pesquisar sobre como começou essa “convenção”. De acordo com o que eu achei, na idade antiga, Egito, Roma e Grécia, por exemplo, tinham tráfego de cavalos pela esquerda, uma vez que a maioria das pessoas eram destras e, portanto, para ter propósitos de proteção, era aconselhado segurar a espada com a mão direita seguir pela esquerda. Ou para cumprimentar outros transeuntes com a mão direita quando viajando. Depois, lá pelo início da industrialização no Ocidente, com a utilização de grande carroças puxadas por cavalos, para o melhor controle dos cavalos, os carroceiros preferiam segurar o chicote com a mãe direita e se posicionar na esquerda para assegurar que as rodas da carroça ficariam afastadas das de outras carroças que se aproximavam. Portanto, cada um tem um sentido. Não falei tudo isso para mostrar que não existe errado ou certo quando se refere à dirigir à esquerda ou à direita.

O homem sempre criou convenções para normalizar a sua vida. O que a gente faz, no que a gente acredita, o que nos move ou mesmo o que nos deixa vivo é uma coisa que uma professora de 89 anos me ensinou na faculdade de engenharia (lá a gente aprende coisas “humanas” também) chamada “poder simbólico”. As convenções são a mais clara face dele. Eu vou incluir tudo na vida uma pessoa como resultado de algo por trás, algo que na maioria das vezes essa pessoa não percebeu e morreu sem saber. Aí se você achar que eu estou sendo generalista por incluir todo o mundo nessa, você pode ter razão. Entretanto, ainda não consigo não generalizar.

O que faz você acordar cedo ou acordar tarde? O que faz você comer feijão e arroz todo dia enquanto que na Alemanha, por exemplo, eles trocam o arroz pela batata e não comem feijão, esse e dessa maneira como a gente come no Brasil? Por que especificamente “feijão” e “arroz” a gente tem que comer? E o que faz você comprar um sapato? A gente precisa de um sapato, um sapato como esse que a gente compra? E se nosso pé experimentasse outra vestimenta e gostasse mais? E a gente vai passar a vida toda comprando sapato sem saber que tem outra coisa que poderia ser melhor para nosso pé! Por que tem que ser assim? Desde as pequenas coisas até as maiores e mais importantes na vida sofrem restrição e certo domínio por parte de algo que a gente não ver, não sente, não sabe, mas que existe.

A vida é uma só e, portanto, é muito rara para vivermos seguindo esses modelos externos. Talvez viver da sua maneira seja a melhor forma. No entanto isso não significa passar por cima dos outros para seguir “seu” caminho (para aqueles que pensaram que eu estava falando de individualismo).

E isso tem implicação em tudo, desde seguir um modelo político de Cuba ou Americano sendo Brasileiro, querer ser Comunista ou Capitalista sendo sertanejo e vivendo a realidade que só é sua.


Não sei a fórmula para se viver da melhor forma, mas sei muitas formas de não se viver e, portanto, sigo excluindo as coisas ruins. 

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