por Valdecir Ximenes
"Estou cá pensando como os meus botões..." |
Tem
dias que a vida não faz sentido. E penso que isso não sejam
observado somente por mim. Raul Seixas cantou que: “Tem dias que a
gente se sente / Um pouco, talvez, menos gente /Um dia daqueles sem
graça /De chuva cair na vidraça /Um dia qualquer sem pensar
/Sentindo o futuro no ar /O ar, carregado sutil /Um dia de maio ou
abril /Sem qualquer amigo do lado /Sozinho em silêncio calado /Com
uma pergunta na alma /Por que nessa tarde tão calma /O tempo parece
parado?” (Profecias). Vivo o tempo todo alegre, sorriso no rosto.
Falo e cumprimento respeitosamente a criança, o adolescente, o
adulto, o homem ou a mulher, o idoso e a idosa. Admiro a natureza e
os animais e fico abobado com as maravilhas que a humanidade cria,
tais como ciência, artes, tecnologia e congêneres. Mas tem dias
que... ah não vou falar não.
Às
vezes fico feliz com datas comemorativas e às vezes nem tanto. O
Natal para mim é data sem muita importância comparada ao que a mídia
nos faz acreditar. Ao que a televisão mostra como caricatura desde
quando se vai tomando ciência do mundo. Aliás, em grande parte, tudo
na televisão é caricaturesco (televisão aberta e corporativa). Nos
fins de ano, quase sempre, me pego em situação financeira
desfavorável de tal modo que não curto com os amigos. Ninguém tem
culpa, é verdade, de eu não saber gerenciar meu orçamento pessoal
a ponto de depois ficar na 'maior pindaíba'. Mas ainda assim, as
coisas não ficam na mesmice por que compenso com outras alternativas que
a grande maioria das pessoas não ver atrativo algum, como: uma
viagem a alguma serra (ou equivalente), um banho num rio, uma andada
de bicicleta, uma conversa com uma pessoa mais velha, onde ouço cada
detalhe da conversa (e tento interferir apenas para tentar
prolonga-la), uma visita a um amigo, etc.
Vejo
as pessoas alegres com os familiares e fico feliz ao vê-las assim.
Mas o certo é que eu não sou sociável. Nunca fui. O que me fez
socializar um pouco mais talvez tenha sido as leituras, os grupos
sociais e políticos de que participo, os estudos, a universidade e
pessoas que, aqui ou ali, me tentam puxando conversa. Sempre fui
tímido, tremendamente tímido e todos que me conhecem mais de perto,
sabe mesmo que falo pouco e converso minimamente. Aliás, nas
conversas citadas, eu participo pouco. Opino mais com amigos por que
tenho coragem de discordar e consequentemente tenho que
contra-argumentar. Devo aos amigos o pouco (ou muito pouco)
entrosamento que tenho com eles. Alguns poucos, é certo. Mas amigos
em potencial, a quem admiro notavelmente.
Me
sinto sinto, às vezes (e sentimentalmente, apenas) um Isaac Newton.
Sim, ele mesmo. Dizem que ele era profundamente um cara introvertido,
recluso, fechado e que “conversava” apenas com os estudos (nessa
parte eu não sou bom!). Depois foi do parlamento inglês, mas segundo
contam só falou uma vez para pedir que fechassem uma janela, pois ele
estava sentido frio por causa dela.
Enfim,
esse é um depoimento pessoal e eu estou triste nesse momento. Mas
não é culpa sua e nem eu disse que é!
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