Por
Valdecir Ximenes
Todos
conhecem de algum filme o que é areia movediça ou terreno movediço.
O protagonista entra em um terreno arenoso e começa a afundar (num filme do Indiana Jones tem uma cena assim). E por mais que
tente, insista, lute, esperneie, ele afogará na areia até se sumir
terra adentro. Se lutar contra ela, ele apenas acelera seu
afogamento no terreno movediço. É bem assim que o obscurantismo
funciona!
Calma, não se mexa! |
Bem,
mas vamos nós com essa analogia. Aqui em Coreaú (no município)
persiste uma cultura de ilusão por parte da imensa maioria da
população. E não é somente de parte da população menos
esclarecida não. Essa cultura de obscurantismo persiste até mesmo
em pessoas que sabem mais ou menos, pois são letrados. O que é
pior, presumimos. Nossa cidade carece de saber e cultura num sentido
amplo. Em outro texto meu, disse que nós coreauenses não tínhamos
cultura, o que me disseram não ser verdade. Mas me referia à
cultura letrada, sabedoria, consciência política e não no sentido
popular do termo, pois sabemos que temos cultura adquirida em nossa
vivência, em nosso cotidiano.
Coreaú
tem “fome” de conhecimento e cultura. Não tendo isso nós
crescemos num ambiente hostil a um desenvolvimento amplo e
significativo. E não vemos isso. Especialistas da área de humana no
asseguram que a pior colonização que existe é a colonização
cultural. Ela é muito pior do que a invasão militar/armada, pois na
militar a gente ver os militares e suas armas, seus tanques, seu
poderio bélico.
Tipo assim, sabe? |
Já na invasão cultural, ela acontece de forma tão sutil que nos não a percebemos. Ou pior, ajudamos bestialmente o colonizador a nos colonizar e fazemos isso cegamente. Precisamos conhecer para adquirir cultura.
Por
exemplo, em Coreaú (sede) tem-se uma infinidade de lojas, comércios,
bancos, farmácias e, até onde eu saiba (por que a frequento vez por
outra), somente uma biblioteca pública, que por sinal tem servido
apenas como cabide de emprego eleitoral: empregam pessoas lá sem
nenhuma competência técnica para cuidar de uma biblioteca pública
que seria alguém com formação em Biblioteconomia, Pedagogia ou na
ausência destes, de alguém com Licenciatura em qualquer grau
superior. E mais ainda, salvo honrosas exceções, a imensa maioria
da população não dá a mínima para aquele patrimônio cultural
riquíssimo. No Araquém tem político que jaz no poder há alguns
anos, criando todo um aparato de domínio, mas centros culturais,
como bibliotecas e equivalentes que é bom, nada! Há uma única
biblioteca criada pela ONG Aedi, mas num caso isolante, ainda que
muito louvável!
"Um país se faz com homens e livros" (Monteiro Lobato) |
Continuando
… Falta cultura. Percebe-se isso até mesmo nas críticas que o
pessoal faz às nossas gestões públicas. Mas entende-se, pois se
não tivermos cultura como vamos saber apontar o caminho das pedras?
A maioria faz críticas infundadas baseando-se apenas em paixões
políticas miúdas e medíocres. Respaldo da falta de conhecimento e
cultura de que estou falando. Críticas são fundamentais, mas devo
fazê-las de forma sugestiva, apontando caminhos e alternativas.
Precisamos de educação, cultura, lazer, mais opções culturais e
sociais e o pessoal, pobre de mente, fica discutindo o sexo dos
anjos, que para eles parece ser de uma importância monstra!
Outra
coisa grave. O pessoal (não só coreauenses) vota nos representantes
e os deusificam quando eleitos. Se calam, ficam com medo de fazer
lhes críticas e sugeri-los, cobrá-los. Se estou empregado
temporariamente é por que preencho minimamente os requisitos
exigidos para aquela ocupação – Não deve ser nunca que tenho que
me calar com ingerências, como faziam muitos na gestão Roner e de
certa forma alguns continuam fazendo na atual gestão! - E quando
outros o fazem, eles se chateiam. Mas felizmente existem exceções a
regra. Dentre alguns um exemplo notório de pessoa que faz o
contrário, por que sabe, é o professor Zé Maria. Ele não se
sujeita a ninguém por que sabe, por que é livre e independente. Ele
critica, aponta caminhos, luta por direitos, arregaça as mangas. Ou
seja, sabe perfeitamente que quando voto em x ou y são eles que
ficam sujeitos aos meus ditames, lógicos que prudentes como os do
prof. Zé Maria, e nunca que eu deva me calar perante eles. Pelo
contrário, eles é que são os meus subordinados!
Estendendo o tapete pro opressor: você está fazendo isso muito errado! |
Medo,
paixão política miúda, maniqueísmo de que só tem dois lados é
reflexo da falta de cultura e conhecimento. São as areias movediças
da ilusão, fruto da falta histórica de educação e cultura que nos
fazem os mesmos governantes, que por falta de cultura, alguns
insistem em deusificar para que nos calem e continuem o ciclo viciado
e vicioso.
PS.
Ilusão aqui é sinônimo de ignorância, obscurantismo, trevas.
Mas não só.
Valdecir, os funcionários da biblioteca, pelo menos dois deles, ou são formados ou estão se formando em cursos de nível superior, embora de fato não seja em áreas afins à competência de biblioteconomista. O que falta também à biblioteca, mais que títulos a seus funcionários, é um acompanhamento e suporte real, para que ela ganhe vida. As pessoas, inda mais as crianças e jovens, precisam de atrativos para a leitura (isso em Coreaú, Sobral ou em qualquer lugar do mundo), tais como oficinas, contação de histórias, espaços mais dinâmicos e com livros que digam mais de nossa região, além, é claro, de qualificação constante de seus funcionários, que devem cumprir como função precípua, mais do que guardar livros, atuar como educadores. Eu, de minha parte, elaborei um projeto de oficinas voluntárias de leitura chamado "Navegantes, desbravando o prazer de ler", que, infelizmente, não consegui pôr em prática neste ano - no próximo, se Deus permitir,
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