sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ei música ainda podemos salvar você?



Renato Russo está morto. Raul está morto também. E não vão mais voltar das suas viagens ao cosmos do céu, bem disse Zé Ramalho em para Raul. A Legião Urbana ainda continua viva na sua obra e lembranças, mas não existe mais a formação da banda. Os Engenheiros está desfeito. Freddy Mercury também morreu, Cazuza e Kurt Cobain idem. RPM e Ultraje a Rigor enveredam pelo caminho do pop e estão politicamente alinhados com o pensamento economicamente dominante. Espera-se pouco destes dois grupos, que reconhecidamente, já nos legou músicas verdadeiramente genuínas. A música está contaminada por coisas que achamos pelo menos estranhas. Apesar de fazer parte do processo, há coisas que soam bastante como escandalosas. O a lelek lek, poderosas, funk ostentação, forró mercantilizado, etc. “Produções” que podemos definir como, no mínimo, sem nenhuma criatividade artista. Então a pergunta surge inquietante: quem ou o que pode salvar música? Tentarei responder devidamente a pergunta que faço.

Nem tudo está perdido. E já é uma perspectiva animadora por esse ângulo. Já eleva os ânimos. E não há por que desanimar com o que vemos ou escutamos na TV. As obras de Mozart e Beethoven não são televisionadas. A revolução em qualquer aspecto não passará na Televisão. E não adianta chorar pelo leite não derramado. Esse leite vai para os sugadores, para a elite. Mas a música? Reflexões acerca dela são sempre pertinentes e fundamental que se faça. Não podemos deixar a música morrer. Ou melhor, pelo menos não a boa música. E olhe que estou chamando as outras aí de música, de modo que já faça muito.

Um dia desses um amigo me perguntou se tinha jeito de salvar a música. Pensei inicialmente em dizer que não, não havia. Mas ponderei e quis dizer a ele que não podemos generalizar, por que seria pôr tudo num barco e afundar tudo de uma vez só. Mas não é isso o que acontece. Há pessoas boas salvando a música, e eu já ia escrevendo literalmente. Ainda temos Chico Buarque, Caetano Veloso, Zeca Baleiro, Zé Ramalho. O Humberto Gessinger (dos Engenheiros) ainda continua na estrada. Existe o Cachorro Grande. Isso o cachorro grande existe, é uma banda de rock do rio grande do sul. Uma banda de glam rock existe lá no Mato Grosso, chamada de Vanguart. Muito bom o som deles. Para os metaleiros temos o Sepultura e mesmo que eles cantem em inglês, nós temos a opção de pegar (quase sempre) a letra na internet e ainda traduzir, assim “derrubamos” dois coelhos de uma vez só, ou seja, ouvimos uma boa (e pesada) música e ainda aprendemos inglês, uma língua necessária hoje em dia.

Mas queremos salvar a música. Sempre dizemos isso. A verdade é que não se aproveita nada do que o pessoal vende hoje em termos de música (de novo as exceções). Ainda temos o Titãs, é certo. Mas leia o comentário que um leitor/internauta faz num texto publicado na revista eletrônica Papo de Homem.

Sou da gerção (sic) de ouro do rock nacional: Cazuza, Barão Vermelho, Legião Urbana, RPM, Titãs e Paralamas do Sucesso. Naquela época, cantávamos a rebeldia do interesse coletivo. Nos preocupávamos com as mudanças do cenário político nacional. E fico decepcionado ao ver nossas lutas e conquistas, nosso grito de rebeldia, por aquilo que sonhávamos, acabar dessa forma: uma juventude cada vez mais inerte, indiferente com as coisas ao redor. Que só olham para o próprio umbigo. Que só querem saber de celulares caros, facebook e carro importado. A grande maioria hoje é dessa forma. Antes tínhamos o interesse coletivo. Hoje, prevalece o interesse individual.

O grande Renato Russo, o último poeta do rock nacional, era célebre pelas suas letras. Pudera, o cara tinha uma biblioteca pessoal em sua casa. Hoje, temos Restart, banda que faz sucesso, que mal sabe a capital do Mato Grosso. Que diz desconhecer se no norte do país existe civilização. Esses são os 'ídolos' de hoje. Esses são o 'futuro' do país.
Sobre aonde foram parar os 'ídolos', tenho a desconfiança que o último a nível mundial morreu em 1994 e o último ídolo nacional morreu em 1996. E todos eles, neste exato momento, estão lá, conversando e cantando ao lado de Deus” (em www.papodehomem.com.br).
Naquela época, cantávamos a rebeldia do interesse coletivo”, diz o leitor. Fica difícil imaginar um ouvinte de Anitta (pode ter exceção) comentar sobre Política Nacional nos dias atuais. Pode-se até defender que a minha crítica é precipitada. Precipitada mas verdadeira. Se é difícil ver/ler um post realmente relevante da imensa maioria do pessoal que usa certas mídias sociais, imaginemos do pessoal que é fã de uma onda do momento, “que só querem saber de celulares caros, facebook e carro importado”, como escreveu o leitor/internauta
Bom, acontece que como já disse e friso novamente, existe um mar de anônimos e de outros não tão anônimos fazendo música boas até mesmo alternativamente, pois como disse a revolução (na arte/música aqui) não é televisionada. Há muita opção, por incrível que possa parecer. Há garotos fundando bandas de garagem que fazem um som estrondoso e um rock engajado, como tem de ser. Há outros que fazem forró de qualidade, nativo, verdadeiro e autentico como o de Luiz Gonzaga. O Fagner, o Ednardo, o Belchior, o Alceu Valença, o Lenine, todo mundo está aí na ativa. O RPM ainda é “ouvível”, etc. O reggae existe é muito bom, basta ouvir Tribo de Jah, Alpha Blondy. O rap é legal. O de Gabriel O Pensador, dos Racionais MCs e também do Marcelo D2, etc. Festivais de boa música existem, apesar de distantes de nós, a ideia persiste. SWU, Rock in Rio (isso mesmo, o próprio), Ceará Music, o festival na internet chamado WebFestValda e muito mais.


Fica o texto para análise. E sim, queremos discutir sobre Música. É necessária a discussão. Mas queremos fazer de forma plenamente salutar. E acho que é por aqui!

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