domingo, 1 de setembro de 2013

Ednardo, o pavão misterioso e o Pessoal do Ceará


Pavão Mysteriozo é famoso um romance popular da literatura de cordel nordestina, feito na Paraíba, e que mesmo após questionamentos de quem seja sua autoria, é uma obra prima da literatura popular. Os seus versos principiam assim:

“Eu vou contar uma história
De um pavão misterioso
Que levantou vôo na Grécia
Com um rapaz corajoso
Raptando uma condessa
Filha de um conde orgulhoso”

E segue de forma bonita e envolvente.

O cantor e compositor cearense Ednardo, da turma do Pessoal do Ceará, que conta com artistas de peso tais como Fagner, Belchior, Rodger Rogério, Fausto Nilo entre outros, resolveu fazer uma música justamente com o título Pavão Mysteriozo, do seu álbum de estreia de 1974,  hoje uma referência na música popular brasileira, um hino da liberdade e da diversificação da música, uma vez que o som que embala a mesma é uma mistura de vários ritmos. Aqui está trechos desse hino:

“Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...”
Ednardo, assim talvez como Belchior, é desconhecido no cenário musical brasileiro mas é muito seguido/admirado/curtido por fãs cearenses e nacionais, pois o mesmo encabeçou (foi um dos líderes) o movimento do Pessoal do Ceará. Este movimento foi iniciado na década de 70 e teve uma importância crucial para a música brasileira. E fundamentalmente cearense. Enfim, no site Almanaque Brasil diz melhor:

“Em comum, todos eram jovens e ligados às artes, principalmente à música. Também coincidia serem cearenses ou viverem no Ceará e ansiarem por mudanças na cena cultural do início dos anos 1970.
Destacavam-se nomes como Ednardo, Raimundo Fagner, Fausto Nilo, Belchior, Augusto Pontes. Essa junção de tanta gente boa ainda não estava batizada. Um locutor de uma rádio paulistana, porém, os anunciou como Pessoal do Ceará. E foi dessa forma que aquela agitação cultural entrou para a história.
O movimento iniciou-se entre estudantes da Universidade Federal do Ceará, então centro das discussões intelectuais de Fortaleza. Os jovens ouviam de forró a bossa nova, Tropicália e Beatles. Essa mistura de influências começou a resultar em sons nunca ouvidos no lugar. Tudo com letras inspiradas, que reproduziam o anseio por mudanças estéticas”.

O site ainda continua:

“Um dos marcos foi o lançamento, em 1973, do disco Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem, que recebeu como subtítulo Pessoal do Ceará. Nas vozes de Ednardo, Rodger Rogério e Teti, o disco apresentava uma pequena revolução cultural.
Surgiam harmonicamente maracatus, toadas, sertanejos, rocks e canções psicodélicas de vários compositores locais. “Nosso trabalho foi todo feito com o mesmo amor e carinho como se tecem os lindos bordados que esta capa estampa”, apresentava o texto do disco. A música Terral resumia o movimento: Eu sou do luxo da aldeia / Eu sou do Ceará.”

Mas se se pergunta que é Ednardo ou Belchior, a maioria dos cearenses não sabem de quem se trata, mas se se pergunta que quem o time do Corinthians de São Paulo ou o Flamengo do Rio, a moçada bestialmente sabe. Uma contradição tremenda. Devíamos antes conhecer nossa cultura, nossa música, nos cantores e compositores e só depois deveríamos torcer para um time lá de fora!

Aproveito e curto até mais tarde o álbum de estreia do Ednardo até mais tarde, O Romance do Pavão Mysteriozo, de 1974.

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