por Cosma Araújo
Espaços
das águas enquanto lugares de memórias.
O
rio juazeiro, principalmente nos meses de férias tem recebido muito
turista e isso têm afetado a paisagem do mesmo, pois alguns
visitantes, deixam jogado as margens do rio, o lixo utilizado por
eles, ( garrafas pets, lata de cerveja, copos, sacos etc). E isso
afeta, diretamente a vida do nosso tão belo rio e das pessoas que
dele usufruem.
A
importância que o rio tem no Ceará, não e de hoje, pois a ocupação
do território cearense se deu, sobretudo, a partir dos rios. Coreaú
não foi diferente, na subida dos rios Coreaú e juazeiro,
constituíram as primeiras fazendas de criar e de plantar. Assim, o
rio juazeiro é um patrimônio que precisa ser preservado e
valorizado por todos.
O
patrimônio natural também é cultural, pois são lugares, sobretudo
de memórias, que remetem a relação do homem com o meio. Remete
também, a memoria coletiva e individual.
É
nos rios e açudes que as lavadeiras manifestam seu oficio, ensaboam,
esfregam, batem, botam para quarar, enxaguam e torcem, depois é só
colocar para secar, de preferencia sobre as arvores ou em da cerca
mais próxima. Enquanto realizam o processo de lavagem olham as
crianças que brincam na agua sem ver a hora passar.
Ainda
ligado ao espaço das águas, conhecemos os pescadores, estes que
através das conversas inacreditáveis fortalece o imaginário local
sobre as aparições durante a pescaria. Além da técnica da
pescaria, que lhe e própria. Os rios são espaços de lazer,
trabalho, sociabilidades, amizades e namoros.
As
crianças brincam no rio.
As
lavadeiras lavam e conversam no rio.
Os
pescadores pescam no rio
E
contam rios de historias.
As
vacas bebem no rio.
As
meninas namoram no rio.
O
Homem vive o rio
E o
rio vive no Homem.
(Poesia
de Cosma Araújo)
Portanto,
Patrimônio é tudo aquilo que diz algo sobre nós mesmo, nossa
herança deixada pelos nossos antepassados, a nossa maneira de falar,
agir e sentir, as nossas festas tradicionais, os monumentos, as
fotografias, os documentos dos arquivos, as casas antigas e recentes
que possuem importância para nossa história.
As
casas de farinha, os engenhos, as fazendas, os saberes ligados a
esses espaços, o descascador de mandioca, o vaqueiro. Os contadores
de histórias como seu Sebastião Viana e suas historias de visagem.
Os populares que fazem parte de nossa memória, tais como o famoso
Raimundão o homem do café e o Zé da Huga etc. As lendas, da mulher
chorona, do lobisomem, do amortalhado, do assobiador etc. Tudo isso
faz parte do nosso patrimônio cultural.
Como
preservar esse patrimônio que é tão rico?
Segundo
o IPANH O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em
geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em
função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua
história, gerando um sentimento de identidade e continuidade,
contribuindo, desse modo, para promover o respeito à diversidade
cultural e à criatividade humana. Pode ser transmitido de geração
em geração e registrado de diversos meios.
Os
livros de registro do patrimônio imaterial se dividem em quatro
categorias. Livro
de Registro
dos Saberes,
onde serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no
cotidiano das comunidades; -
Livro de Registro das Celebrações,
onde serão inscritos rituais e festas que marcam a vivência
coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras
práticas da vida social; Livro
de Registro das Formas de Expressão,
onde serão inscritas manifestações literárias, musicais,
plásticas, cênicas e lúdicas;
Celebrações: rituais
e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da
religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida
social.
Para
que a preservação aconteça é preciso;
-
Participação de todos no cuidado constante com o patrimônio.
-As
comunidades têm que ajudar na conservação do patrimônio.
-É
necessário discutir a questão da preservação com todo mundo.
- É
importante levar estas ideias para dentro das escolas para que as
nossas crianças cresçam com uma nova visão sobre a sua terra e sua
história.
-Através
de projetos como oficinas que levem a educação Patrimonial para as
escolas, politicas públicas na área cultural que valorize,
sobretudo, o Homem em sua dignidade plena.
As
pessoas precisam saber que o patrimônio está próximo delas, que
tem haver com a realidade que elas estão inseridas, não haverá uma
preservação de um bem, se as pessoas não se identificam com ele e
não se reconhecem nele.
Não
é possível um resgate das tradições, mas é preciso conhecê-las.
A História de Araquém, é uma história riquíssima e precisa se
conhecida, é necessária o empenho de todos. Necessitamos do apoio
da comunidade, das Escolas, associações e principalmente.
Acreditamos
que há sempre algo novo a ser descoberto sobre nós mesmos, e que
conhecer a história de nossa cidade significa voltar-se para elas
mesmas, que o passado está presente, que nós somos sujeitos de
memórias e agentes sociais, e que a cultura é dinâmica e diversa.
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