Por Manoel Evangelista
Textos sobre Artes Marciais e Física são raríssimos. Mais raro ainda é vê-los em um blog “Crônicas do Boqueirão”, porém, como podemos montar uma função de onda que expressa uma amplitude de probabilidade para quaisquer eventos e em termos da Incerteza de Heisenberg....
Textos sobre Artes Marciais e Física são raríssimos. Mais raro ainda é vê-los em um blog “Crônicas do Boqueirão”, porém, como podemos montar uma função de onda que expressa uma amplitude de probabilidade para quaisquer eventos e em termos da Incerteza de Heisenberg....
O Jiu Jitsu também conhecido por
Arte Suave (jū, "suavidade", e jutsu, "arte",
"técnica"), é uma arte marcial milenar desenvolvida pelos antigos
samurais. No Jiu Jitsu utiliza-se de
torções, alavancas e pressões em regiões específicas do corpo humano para
maximizar a eficiência dos golpes com o mínimo de força.
Física é a ciência que estuda a
Natureza em sua plenitude, propondo modelos matemáticos que descrevam todos os
fenômenos naturais, os quais envolvem interações desde os níveis quânticos até os
níveis astronômicos.
Todavia, não me proponho
dissertar sobre esses dois assuntos separadamente, mas concomitantemente:
versando os conhecimentos de Física na compreensão de algumas técnicas da Arte
Suave.
Começado com Nage
waza que é o conjunto de técnicas
de projeções e arremessos do oponente. Na execução desses golpes algumas
grandezas físicas tais como, Momentum Angular, Momentum de Inércia, Centro de
gravidade, além de toda Dinâmica de Rotações deve ser bem compreendida
para proporcionar a eficiência do golpe, sem ser necessário excesso de força.
Não raro vemos lutadores arremessando oponentes bem mais fortes e mais pesados.
A propósito o Jiu Jitsu é uma das poucas artes marciais onde mais fraco
fisicamente pode se sobressair ao mais forte. Isso nos faz lembrar a memorável
frase do lendário mestre Hélio Gracie “...O Jiu-Jitsu que criei foi para dar
chance aos mais fracos ao enfrentarem os mais pesados e fortes...”
Logo após
aplicação das técnicas de Nage waza, o lutador dar sequencia aos seus golpes utilizando novas técnicas,
visto que agora a luta se desenvolve no solo. O conjunto de técnicas a serem
aplicadas no chão dar-se o nome de Ne waza.
Ao levar a luta para o solo o “jiujitero”
deve, sobretudo, manter-se em equilíbrio e deixar o adversário sobre seu
domínio. Todavia, para manter o domínio sem perder o equilíbrio é necessário
conhecer outras grandezas físicas, como o Centro de Gravidade e o Centro de
Massa. O Centro de Gravidade é a uma região do corpo onde a resultante da força
de gravidade é projetada. Normalmente esse ponto coincide com o Centro de Massa,
que é o ponto onde podemos imaginar a concentração de toda a massa.
O centro de massa do homem é na região do abdômen,
podendo variar de posição nas mulheres. E o equilibro está intimamente
relacionado com a distância desse ponto ao solo. Quanto mais baixo o centro de
massa, mais equilíbrio e mais estabilidade o lutador terá. Prova disso é estabilização
no “100kg”. Se o quadril (região próxima ao centro de massa) estiver alto,
qualquer força resultará em um Torque e a condição de equilíbrio ficará
comprometida.
Outro momento de suma importância no Jiu
Jitsu é a finalização. Como fora posto acima, o Jiu Jitsu é também chamado de
Arte Suave, isso se justifica pelo fato de que a técnica se sobressai à força,
logo, na finalização o excesso de força é desnecessário. ( com pouco rigor o KATAME
WAZA é conjunto de técnicas que visa o domínio completo do oponente e consequentemente
a finalização)
Torções nas articulações, pressão na região do fluxo
de ar ou do sangue são técnicas onde o uso de força é mínimo, mais que resulta
em uma lesão séria quando bem aplicado. Isso nos faz lembrar o sábio Arquimedes
quando formulou o Princípio da Alavanca:
No Jiu Jitsu golpes como Arm lock, Leg Lock,
além de raspagem são aplicações práticas do Princípio de Alavanca. Na figura baixo
temos o Arm Lock:
Analisando o braço do oponente temos três
pontos de força: o punho, o cotovelo e o ombro. O cotovelo além de ser o ponto
de apoio do Braço de Alavanca recebe também uma força aplicada pelo quadril do
jiujitero; no ombro e no punho forças paralelas são aplicadas no sentido
contrário ao movimento natural do braço e dessa forma a resultante do vetor
força será tão intensa que levará o oponente a desistir da luta (os três
tapinhas no tatame resolve o impasse).
Outro golpe utilizado não apenas no Jiu Jitsu
mais também no Judô no qual se utiliza além do Princípio de Alavanca, como
também a Dinâmica de Rotação é o Ippon Seio Nage.
Nesta projeção a observância da técnica deve ser
rigorosa, caso contrário o esforço físico será enorme e, além disso, o golpe
pode não ser consumado.
Na figura (a) temos a correta posição do
golpe e na figura (b) a incorreta. A
grande ideia nessa projeção é aproximar ao máximo o centro de massa do oponente
ao quadril no qual passará o eixo de rotação.
É certo que o estudo teórico dos golpes das
Artes Marciais não o fará um imbatível lutador. Porém, para o amante das Artes
Marciais a harmonia da teoria com a prática é algo imprescindível.
“Não basta ser Jiu-Jitsu, tem que ser Brasileiro”
Aos leitores...Oss!
ResponderExcluirMuito bom o seu texto de estreia professor Manoel Evangelista. Parabéns. Sua contribuição aqui vem engrandecer este modesto blog. Eu e os leitores(as) agradecemos!
ResponderExcluirrealmente tudo a ver me chamou bastante atenção a parte sobre o centro de gravidade, as alavancas e claro a parte em que vc resume que a técnica se sobre sai sobre a força esse é o verdadeiro intuito do nosso esporte. Osss
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