Por
Cosma Araújo
Segundo
consta na constituição Brasileira de 1988 no Art. 216. Constituem
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I -
as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III -
as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico- culturais; V - os
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Está
dividido em patrimônio material e imaterial, aqui, discorrerei sobre
o nosso patrimônio imaterial. Deixo a discussão do patrimônio
material presentes em nosso território para outro momento.
Hoje,
quando esperava a condução para ir á sobral, um senhor, apelidado
pelo nome de canela, falava ele que hoje era dia de Reis e que
antigamente, em dias de reis, o Araquém era tomado em festa,
“passávamos o dia trabalhando, e quando era á noite víamos
correr, brincar aqui na rua”, assim dia o brincante que lembra com
nostalgia os tempos de jovem. Mas, afinal o isso tem a ver com o
patrimônio?
Assim é
o patrimônio cultural imaterial, não podemos vê-lo, muito menos
toca-lo, mas está presente na nossa história e nosso cotidiano,
mesmo quando parece ter desaparecido como prática, ainda permanece
na memória das pessoas. O patrimônio vai além dos bens materiais,
ele está presente nas nossas relações cotidianas e se manifesta na
relação do homem como o meio em que está inserido.
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Dias
dos finados no Cemitério de Araquém, dia de reunir os parentes e
celebrar os mortos
Ao
caminhar pelo nosso município percebemos o quanto o patrimônio está
presente, podemos enxergá-lo tanto na arquitetura da casa do
coronel, como no senhor que vende suas tarrafas na praça do mercado
de Coreaú, o pescador na beira do rio, a lavadeira personagens comum
nos rios, lagoas e açudes do munícipio, as chapeleiras, rezadeiras,
os profetas da chuva, as oleiras, são eles, mestres
dos saberes e fazeres tradicionais enraizados no cotidiano do
município.
Rezadeira
“Ana Negra” (Foto de Rute Teles)
Modo
de produção da Farinha. (fotografia Vera Lúcia)
O
patrimônio está presente em todos os lugares, lembro-me aqui, da
dona Raimunda Pereira, (falecida) antiga moradora da localidade do
sabonete. Uma mulher com um conhecimento herdado dos seus
antepassados fazia artesanato em Barro, foi com ela que eu minhas
irmãs aprendemos a fazer objetos em barro (panelinhas, galinhas,
bonecas). Costume comum também, em outras localidades do munícipio,
como por exemplo, nas localidades do Boqueirão e Feitoria. Ressalto
aqui, a comunidade quilombola de Timbaúba, que merece uma atenção
especial, mas que farei em outro momento.
Dona
Raimunda Pereira era praticante da umbanda, religião esta, que no
Brasil recebeu influência do catolicismo, candomblé, espiritismo e
religiões indígenas. Embora, sendo uma religião não muito bem
vista pelos vizinhos, é uma prática muito forte no nosso município.
E o preconceito que se tem sobre esta religião, se dá, sobretudo,
por falta de conhecimento de nossa história gerando assim, uma
desvalorização do nosso Patrimônio cultural.
Praça de Araquém.
Fotografia
de Cosma Araújo
As
praças são lugares de memórias, são nas praças que se constituem
as relações sociais, as praças de Araquém são um bom exemplo, a
“praça de baixo” e “praça de cima” locais esses, que marcam
o cotidiano das artesãs nas tardinhas, fazem seus chapéus enquanto
colocam o papo em dia. As praças são Lugares reservados paras as
brincadeiras de crianças, subir em arvores, pega-pega,
esconde-esconde. Sem falar dos namoros que começam no banco da
pracinha e acabam no altar da histórica igreja de Santo Antônio de
Araquém. Esta que desde século XVIII realiza cerimonias religiosas
no seu recinto. Sabemos que antes mesmo da sua construção, já
existia outra capela em construções mais simples, em outro local
próximo ao cemitério. Os Festejos de nosso santo padroeiro, por
exemplo, é um bem
cultural imaterial que permanece até os dias de hoje.
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Parabéns belíssimo texto
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