Por Marcelo Mascarenhas
Orientação de Tráfego à Esquerda na Austrália |
O que é certo nessa
vida? O que há por trás do que é certo ou errado? Existe o que é certo ou
errado?
Eu começo esse texto
com essas perguntas justamente para chamar a atenção de você para um fato que
me chamou atenção. E isso sim foi real e posso categorizá-lo como “acontecido”.
Vamos ao fato: tava eu sentado conversando com um amigo daqui. Ele nasceu num
país (Indonésia) onde a regra de trânsito fala que o fluxo deve sempre seguir
na faixa esquerda da pista (tendo o motororista como referência). A conversa chegou ao assunto left or right, which is the right one? (Esquerda ou direita, qual é a
correta?) A gente discutiu um pouco sobre e eu fui pesquisar sobre como começou
essa “convenção”. De acordo com o que eu achei, na idade antiga, Egito, Roma e
Grécia, por exemplo, tinham tráfego de cavalos pela esquerda, uma vez que a maioria
das pessoas eram destras e, portanto, para ter propósitos de proteção, era
aconselhado segurar a espada com a mão direita seguir pela esquerda. Ou para
cumprimentar outros transeuntes com a mão direita quando viajando. Depois, lá pelo
início da industrialização no Ocidente, com a utilização de grande carroças
puxadas por cavalos, para o melhor controle dos cavalos, os carroceiros
preferiam segurar o chicote com a mãe direita e se posicionar na esquerda para
assegurar que as rodas da carroça ficariam afastadas das de outras carroças que
se aproximavam. Portanto, cada um tem um sentido. Não falei tudo isso para
mostrar que não existe errado ou certo quando se refere à dirigir à esquerda ou
à direita.
O homem sempre criou
convenções para normalizar a sua vida. O que a gente faz, no que a gente
acredita, o que nos move ou mesmo o que nos deixa vivo é uma coisa que uma
professora de 89 anos me ensinou na faculdade de engenharia (lá a gente aprende
coisas “humanas” também) chamada “poder simbólico”. As convenções são a mais clara
face dele. Eu vou incluir tudo na vida uma pessoa como resultado de algo por
trás, algo que na maioria das vezes essa pessoa não percebeu e morreu sem saber.
Aí se você achar que eu estou sendo generalista por incluir todo o mundo nessa,
você pode ter razão. Entretanto, ainda não consigo não generalizar.
O que faz você acordar
cedo ou acordar tarde? O que faz você comer feijão e arroz todo dia enquanto
que na Alemanha, por exemplo, eles trocam o arroz pela batata e não comem
feijão, esse e dessa maneira como a gente come no Brasil? Por que especificamente
“feijão” e “arroz” a gente tem que comer? E o que faz você comprar um sapato? A
gente precisa de um sapato, um sapato como esse que a gente compra? E se nosso
pé experimentasse outra vestimenta e gostasse mais? E a gente vai passar a vida
toda comprando sapato sem saber que tem outra coisa que poderia ser melhor para
nosso pé! Por que tem que ser assim? Desde as pequenas coisas até as maiores e
mais importantes na vida sofrem restrição e certo domínio por parte de algo que
a gente não ver, não sente, não sabe, mas que existe.
A vida é uma só e,
portanto, é muito rara para vivermos seguindo esses modelos externos. Talvez
viver da sua maneira seja a melhor forma. No entanto isso não significa passar
por cima dos outros para seguir “seu” caminho (para aqueles que pensaram que eu
estava falando de individualismo).
E isso tem implicação
em tudo, desde seguir um modelo político de Cuba ou Americano sendo Brasileiro,
querer ser Comunista ou Capitalista sendo sertanejo e vivendo a realidade que
só é sua.
Não sei a fórmula para
se viver da melhor forma, mas sei muitas formas de não se viver e, portanto,
sigo excluindo as coisas ruins.
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