Lugar
de criança é na escola né? Não necessariamente. A escola tal como
a temos pode ser um tiro no pé. A escolarização da educação pode
ter sido uma forma opressora de gerar conhecimento e pode ser, em
partes, o motivo pelo qual tanta gente odeia escola.
A escola como a conhecemos |
Sabemos
que podemos aprender e obter conhecimento de forma autodidata. Não
precisamos da burocracia escolar para obter cultura e conhecimento. É
o que propõe, por exemplo, o educador e pensador austríaco Ivan
Illich que pode ser considerado o pioneiro do movimento
desescolarização: o aprender não precisa vir de repartições
burocráticas e opressoras como a escola. Sem mencionar que a escola
é um ambiente de múltiplos interesses (políticos e ideológicos,
notadamente) de quem trabalha diretamente nela e ou fica nas
cercanias da mesma.
Pequena
biografia de Ivan Illich (contém trechos de História Em Perspectiva)
Ivan Illich nasceu em Viena no ano de 1926. Sua família
mudou-se para Roma, onde Illich completou os seus estudos: Física
(Florença), Filosofia e Teologia (Roma) e doutoramento em História
(Salzburgo). Por ser fluente em dez línguas, Illich tornou-se
intérprete do Cardeal Spellman (nova York) e teve como função
preparar religiosos para a comunidade hispano-americana. Nos anos 60
mudou-se para o México onde criou o Centro Intercultural de Formação
(CIF) – espécie de faculdade aberta. Faleceu em Bremen, na
Alemanha em Dezembro de 2002.
Propostas teóricas contra a Escola
Ivan
é autor do famoso livro Sociedade Sem Escolas (1970) e ainda
escreveu inúmeros artigos e livros.
"criar entre o homem e aquilo que o rodeia novas
relações que sejam fontes de educação, modificando
simultaneamente as nossas reações, a ideia que fazemos do
desenvolvimento, os utensílios necessários para a educação e o
estilo da vida quotidiana" (Illich, 1970, p.6).
A
infantilização do homem
Segundo
Illich, um dos grandes mitos de nossa época está na crescente
institucionalização: todos os nossos passos se acham enquadrados e
submetidos a instituições criadas para “proteger” e “orientar”,
mas que na verdade cerceiam as ações humanas.
Saúde,
nutrição, educação, transporte, bem-estar, equilíbrio
psicológico, comunicação foram colocados nas mãos dos
especialistas, retirando dos indivíduos a capacidade de decidir por
si mesmos.
Crise
do progresso?
Para
Illich, o progresso estaria provocando o consumo desordenado,
resultado da criação ilimitada de novas necessidades: hoje em dia
ter sede é precisar de coca-cola...
O
automóvel, esperança de economia de tempo, gerou os engarrafamentos
das grandes cidades e a poluição do ar.
Ao
constatar que o vertiginoso desenvolvimento tecnológico levou o
homem à alienação, Illich considera importante desmistificar o
ideal de progresso e de consumo insaciável.
Proposta
radical de Illich: Por que não “desescolarizar” a sociedade?
Para
Illich a solução da crise não estaria em promover reformas de
métodos ou currículos, nem simplesmente em denunciar que a escola é
instrumento de inculcamento dos valores da classe dominante, mas em
questionar o fato aceito universalmente de que a escola é o único e
melhor meio de educação.
Melhor
seria se ela fosse destruída!
Críticas
à escola
Em
um mundo marcado pelo controle das Instituições, a Escola escraviza
mais que a família, devido à estrutura sistemática e organizada, à
hierarquia, aos rituais das provas e ao mito do diploma.
Encarceradas
nas Escolas pela exigência da frequência obrigatória, as crianças
ficam à mercê do poder arbitrário dos professores. Aí elas se
curvam à obediência cega, desenvolvem uma atitude servil e o
respeito pelo relógio. É a aprendizagem perversa da hierarquia.
Instituições
manipulativas e conviviais
As
Instituições manipulativas são as que merecem suas críticas, pois
não estão a serviço do homem, mas contra ele, construindo-se
“falsos serviços públicos”.
As
conviviais são interativas, permitindo o intercambio entre as
pessoas com a condição de que todas mantenham sua autonomia. Ao
simplificar a forma de vida, as Instituições conviviais
proporcionariam melhor interação familiar, criando autênticas
comunidades.
Substituição
das escolas?
Solução:
“redes de comunicações culturais”
Essas
redes não seriam escolas –por não terem programas
preestabelecidos nem reconstituírem a figura do professor – e
proporcionariam apenas a troca de experiências, com base na
aprendizagem automotivada.
O
recurso ao computador seria indispensável, pois facilitaria a
localização de parceiros a partir de interesses revelados. Haveria
também o auxílio dos sistemas de correios, bom como de uma rede de
anúncios em jornais.
A criação de novas instituições educativas propostas
por Ivan Illich, teria como objetivo principais:
I-
Um
serviço encarregue de pôr à disposição do público os objetos
educativos, isto é, os instrumentos, as máquinas e os aparelhos
utilizados para a educação formal.
II-
Um
serviço de troca de conhecimentos, uma lista atualizado de
pessoas desejosas de fazer aproveitar os outros da competência
própria, mencionando as condições em que desejariam fazê-lo.
III-
Um
organismo que facilitaria os encontros entre pares. Verdadeira
rede de comunicações, registraria a lista das pretensões em
matéria de educação daqueles que se lhe dirigissem para encontrar
um companheiro de trabalho ou de pesquisa.
IV-
Serviços
de referência em matéria de educadores que permitiriam
estabelecer uma espécie de anuário onde se encontrassem os
endereços dessas pessoas, profissionais ou amadores, fazendo ou não
parte de qualquer organismo.
Para
conhecer mais
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