Considerações
sobre a importante contribuição do Professor Zé Maria ao ensino, à
educação e à conscientização política, filosófica e
ideológica.
Bom, aproveitando o ensejo em que
o professor Antônio Marcos (Marcos Souza) apontou em seus bem
fundamentados e proveitosos textos publicados nas redes sociais sobre
o professor Zé Maria, eu também, que devo em muito minha formação
ao Zé Maria, vou tecer algumas considerações sobre a importância
politico/social/educacional deste grande personagem que já é parte
integrante da história da educação de Coreaú. E sem desmerecer
todos os bons professores que tive, o considero o melhor. Falarei
sobre ele, seu caráter e sua competência, seus alunos emancipados
politicamente, seus admiradores e seus invejosos, afinal nenhum
professor obteve tanta admiração e respeito como este professor.
Eu conheci o professor Zé Maria
em 2004 quando foi estudar o ensino médio em Araquém. Quando
chegamos lá muitos me disseram que o mesmo era “carrasco”,
talvez no sentido de rigoroso. Mas também um amigo me disse que ele
(Zé Maria) tinha abandonado um emprego estável e de status no Fórum
de Coreaú para se dedicar à educação, o que o me fez olhar de
modo diferente para ele. Estudávamos à época no anexo da Flora
Teles que ficava ali perto do comercial Zé Totó, na atual casa do
Vicente Bento. Depois nos mudamos, é certo. Como estudante vindo do
interior, tímido e fazendo pouco caso do valor do estudo e da
educação, era pouco inclinado para a importância crucial dos
estudos. Bem, tinha motivos: vinha do Boqueirão, educação ruim,
muitos professores despreparados e outros sem nenhum nível de
politização perante os problemas essenciais da educação. Bem, mas
também tinha muitos competentes e empenhados na causa da educação,
se não eu não teria resistido e chegado lá.
Chegando
lá, terminei o primeiro ano de forma mediana, mas terminei. Com as
“puxadas de orelha”, as provocações no sentido de incentivar
todos a participar dos debates e das aulas feitas pelo professor
Zé Maria, ter desenvoltura nas matérias dele (na época História,
Filosofia e Geografia). Passando o tempo, vim a melhorar no segundo
ano. Do segundo para o terceiro ano fiquei melhor, e no terceiro
estava no nível elementar esperado para um aluno, que já poderia
ser considerado um estudante.
Bom, mas acredito que a
contribuição fundamental do professor Zé Maria para mim não foi
no sentido de me acordar para a importância dos estudos. O foi em
grande parte, é indubitável. Mas acho que eu tinha um pouco de
inclinação para estudar, era um estudante mediano. O professor me
acordou politicamente, para os problemas essenciais da politica, da
comunidade, da politica partidária. Lembro que eu não sabia o que
era uma CPI, não sabia o que era um partido político de esquerda ou
um partido politico de direita. Não sabia o que era grupos
hegemônicos de poder e controle politico e cultural. Não sabia
escolher e analisar um candidato. Aprendi o que é colonização
mental, controle de mentes e despertei do sono político em que
estava submetido. Enfim, era um analfabeto político. A maior e mais
nefasta forma de analfabetização que considero, sendo que a segunda
é o obscurantismo científico. Hoje conheço todos os partidos, pelo
menos o que significam elementarmente, do número 10 (PRB) ao número
70 (PT do B)!
Aprendi ainda com o professor Zé
Maria valores e princípios. Humildade, respeito pelas diferenças,
fascínio e admiração pela diversidade cultural. Amor ao próximo,
mesmo que distante, no sentido de ajudar quando precisar, e se
distante, ficar na torcida pelo sucesso do meu semelhante. Aprendi
uma coisa que admiro muito nele: a competência e como atualmente
estou sendo professor, tento seguir o mesmo. Ou seja, o professor Zé
Maria sempre chegava na sala de aula antecipadamente. E saia só no
tempo de que a hora da aula terminava. Nunca faltou às aulas, nunca
“enrolou” aula e sempre lecionou de forma bastante eloquente. Um
dia eu e um amigo estávamos conversando e de forma descontraída
perguntamos um ao outro se o professor Zé Maria não adoecia, uma
vez que ele nunca faltara uma aula e nem chegara atrasado.
Ensinou-nos a fundamentar e concatenar nossas ideias. Nos ensinou a
argumentar nossas posições politicas e respeitar as opiniões
divergentes. Nos ensinou a participar e se engajar com as “coisas”.
Mudar, e melhorar as coisas para todos.
Com o isso, o professor Zé Maria
ganhou nossa admiração e respeito. Ganhou seguidores, é certo.
Bom, a psicologia explica que quando admiramos uma pessoa nós nos
espelhamos nela, obedecendo a um mecanismo do ego chamado
identificação. E como “abriu” os olhos de muita gente, adquiriu
uma gama de invejosos e recalcados que nunca atingiram o nível do
professor Zé Maria, nem de longe e nem de perto! O Zé Maria
politizou muita gente e daí que “todo homem que mostra o futuro
enfrenta mil homens que olham e insistem em permanecer no passado”.
Ou seja, não se pode ensinar a pensar politicamente. Pode-se ensinar
matemática, ciências, português, mas não se deve ensinar
política. Porque? Por que os mocinhos tornam-se vilões. As mascaras
caem. Os peixuxas, que outrora eram amiguinhos dos peixes, que davam
bom dia quando é de dia, boa noite quando é de noite, e se não é
de dia e se não é noite, eles amavelmente dão maresia, mostram
suas verdadeiras caras, seus jogos de interesse. Ou seja, os que
estão jogando seus interesses acima dos valores, os que querem poder
e prestigio.
O professor Zé Maria foi e é um
grande pensador político, um grande conscientizador. Em suma um
grande emancipador! Ora mais eles seguem o Zé Maria!, dizem. Errado.
Eu faço parte de agremiações sociais e políticas que o professor
Zé Maria também é membro e não sei quantificar quantas vezes vi
pessoas (muitos ex-alunos dele) discordarem acidamente do mesmo. Eu
mesmo sempre tive dissidências com o mesmo e de forma respeitosa só
tenho ganhado com isso. É prazeroso para mim discordar de um
humanista, um homem de renascença como o Zé Maria. Se aprende muito
quando se faz isso. O professor Zé Maria é um Kant da vida, nos
ensinou a pensar por si só, sermos donos de nossos pensamentos e
atitudes. E se defendemos pontos de vistas políticos, filosóficos e
ideológicos é porque neles acreditamos piamente. E se o professor
Zé Maria e outros também os defendem é por mera coincidência e
não porque os seguimos. Se tem alguma pessoa que sigo nesta vida,
esta pessoa deve ser com certeza o filósofo alemão Nietzsche a quem
proferiu a frase: “deveis buscar o vosso inimigo e fazer a vossa
guerra, a guerra pelos vossos pensamentos. E se o vosso pensamento
sucumbir, a lealdade a sua convicção, contudo, deve cantar
vitória”. E a assim o sigo...
Como não vivencio a escola Ruth
Cristino, sua politica educacional e sua politica interna não
tecerei comentários acerca dela, mas é certo que é um erro
grosseiro o professor Zé Maria ficar fora de sala de aula. Fará
falta para o crescimento politico-educacional dos alunos desta
escola. Não terão, indubitavelmente, a consciência politica que o
mundo exige de todos nós estudantes. A vida pedirá que eles se
posicionem politicamente e aí como se posicionarão se não tiverem
formação politica suficiente para tal?! Então a campanha “volta
Zé!” é mais do que oportuna, é urgente!
Por fim, o texto do professor
Marcos Souza foi muito feliz, porque “puxou” o debate sobre esse
importante personagem de nossa educação, que é o notável
professor Zé Maria. Mostrou que existem muitos admiradores de nosso
professor e por isso, muitos invejosos e covardes anônimos que
morrem de inveja e raiva do professor Zé Maria e que sabemos quem
são. Acho que é assim que se deve escrever para as redes sociais,
ou seja, problematizando, polemizando, trazendo o debate à torna,
como costumo falar que é necessário se fazer.
Valdecir Ximenes, sempre aluno
do Professor Zé Maria e atualmente professor de Matemática no
ensino fundamental II.
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