sexta-feira, 26 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Excelente inquietação feita por Frei Betto!
Produção de sentido
por Frei Betto (publicado originalmente em Brasil De Fato em 23/04/2013)
Muitos pais se queixam do desinteresse dos filhos por causas altruístas, solidárias, sustentáveis. Guardam a impressão de que parcela considerável da juventude busca apenas riqueza, beleza e poder. Já não se espelha em líderes voltados às causas sociais, ao ideal de um mundo melhor, como Gandhi, Luther King, Che Guevara e Mandela.
O que falta à nova geração? Faltam instituições produtoras de sentido. Há que imprimir sentido à vida. Minha geração, a que fez 20 anos de idade na década de 1960, tinha como produtores de sentido Igrejas, movimentos sociais e organizações políticas.
A Igreja Católica, renovada pelo Concílio Vaticano II, suscitava militantes, imbuídos de fé e idealismo, por meio da Ação Católica e da Pastoral de Juventude. Queríamos ser homens e mulheres novos. E criar uma nova sociedade, fundada na ética pessoal e na justiça social.
Os movimentos sociais, como a alfabetização pelo método Paulo Freire, nos desacomodavam, impeliam-nos ao encontro das camadas mais pobres da população, educavam a nossa sensibilidade para a dor alheia causada por estruturas injustas.
As organizações políticas, quase todas clandestinas sob a ditadura, incutiam-nos consciência crítica, e certo espírito heroico que nos destemia frente aos riscos de combater o regime militar e a ingerência do imperialismo usamericano na América Latina.
Quais são, hoje, as instituições produtoras de sentido? Onde adquirir uma visão de mundo que destoe dessa mundividência neoliberal centrada no monoteísmo do mercado? Por que a arte é encarada como mera mercadoria, seja na produção ou no consumo, e não como criação capaz de suscitar em nossa subjetividade valores éticos, perspectiva crítica e apetite estético?
As novas tecnologias de comunicação provocam a explosão de redes sociais que, de fato, são virtuais. E esgarçam as redes verdadeiramente sociais, como sindicatos, grêmios, associações, grupos políticos, que aproximavam as pessoas fisicamente, incutiam cumplicidade e as congregavam em diferentes modalidades de militância.
Agora, a troca de informações e opiniões supera o intercâmbio de formação e as propostas de mobilização. Os megarrelatos estão em crise, e há pouco interesse pelas fontes de pensamento crítico, como o marxismo e a teologia da libertação.
No entanto, como se dizia outrora, nunca as condições objetivas foram tão favoráveis para operar mudanças estruturais. O capitalismo está em crise, a desigualdade social no mundo é alarmante, os povos árabes se rebelam, a Europa se defronta com 25 milhões de desempregados, enquanto na América Latina cresce o número de governos progressistas, emancipados das garras do Tio Sam e suficientemente independentes, a ponto de eleger Cuba para presidir a Celac (Comunidade do Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Vigora atualmente um descompasso entre o que se vê e o que se quer. Há uma multidão de jovens que deseja apenas um lugar ao sol sem, contudo, se dar conta das espessas sombras que lhes fecham o horizonte.
Quando não se quer mudar o mundo, privatiza-se o sonho modificando o cabelo, a roupa, a aparência. Quando não se ousa pichar muros, faz-se tatuagem para marcar no corpo sua escala de valores. Quando não se injeta utopia na veia, corre-se o risco de injetar drogas.
Não fomos criados para ser carneiros em um imenso rebanho retido no curral do mercado. Fomos criados para ser protagonistas, inventores, criadores e revolucionários.
Quando Hércules haverá de arrebentar as correntes de Prometeu e evitar que o consumismo prossiga lhe comendo o fígado? "Prometeu fez com que esperanças cegas vivam nos corações dos homens”, escreveu Ésquilo. De onde beber esperanças lúcidas se as fontes de sentido parecem ressecadas?
Parecem, mas não desaparecem. As fontes estão aí, a olhos vistos: a espiritualidade, os movimentos sociais, a luta pela preservação ambiental, a defesa dos direitos humanos, a busca de outros mundos possíveis.
Frei Betto é escritor, autor do romance "Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.http://www.freibetto.org- twitter: @freibetto.
por Frei Betto (publicado originalmente em Brasil De Fato em 23/04/2013)
Muitos pais se queixam do desinteresse dos filhos por causas altruístas, solidárias, sustentáveis. Guardam a impressão de que parcela considerável da juventude busca apenas riqueza, beleza e poder. Já não se espelha em líderes voltados às causas sociais, ao ideal de um mundo melhor, como Gandhi, Luther King, Che Guevara e Mandela.
O que falta à nova geração? Faltam instituições produtoras de sentido. Há que imprimir sentido à vida. Minha geração, a que fez 20 anos de idade na década de 1960, tinha como produtores de sentido Igrejas, movimentos sociais e organizações políticas.
A Igreja Católica, renovada pelo Concílio Vaticano II, suscitava militantes, imbuídos de fé e idealismo, por meio da Ação Católica e da Pastoral de Juventude. Queríamos ser homens e mulheres novos. E criar uma nova sociedade, fundada na ética pessoal e na justiça social.
Os movimentos sociais, como a alfabetização pelo método Paulo Freire, nos desacomodavam, impeliam-nos ao encontro das camadas mais pobres da população, educavam a nossa sensibilidade para a dor alheia causada por estruturas injustas.
As organizações políticas, quase todas clandestinas sob a ditadura, incutiam-nos consciência crítica, e certo espírito heroico que nos destemia frente aos riscos de combater o regime militar e a ingerência do imperialismo usamericano na América Latina.
Quais são, hoje, as instituições produtoras de sentido? Onde adquirir uma visão de mundo que destoe dessa mundividência neoliberal centrada no monoteísmo do mercado? Por que a arte é encarada como mera mercadoria, seja na produção ou no consumo, e não como criação capaz de suscitar em nossa subjetividade valores éticos, perspectiva crítica e apetite estético?
As novas tecnologias de comunicação provocam a explosão de redes sociais que, de fato, são virtuais. E esgarçam as redes verdadeiramente sociais, como sindicatos, grêmios, associações, grupos políticos, que aproximavam as pessoas fisicamente, incutiam cumplicidade e as congregavam em diferentes modalidades de militância.
Agora, a troca de informações e opiniões supera o intercâmbio de formação e as propostas de mobilização. Os megarrelatos estão em crise, e há pouco interesse pelas fontes de pensamento crítico, como o marxismo e a teologia da libertação.
No entanto, como se dizia outrora, nunca as condições objetivas foram tão favoráveis para operar mudanças estruturais. O capitalismo está em crise, a desigualdade social no mundo é alarmante, os povos árabes se rebelam, a Europa se defronta com 25 milhões de desempregados, enquanto na América Latina cresce o número de governos progressistas, emancipados das garras do Tio Sam e suficientemente independentes, a ponto de eleger Cuba para presidir a Celac (Comunidade do Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Vigora atualmente um descompasso entre o que se vê e o que se quer. Há uma multidão de jovens que deseja apenas um lugar ao sol sem, contudo, se dar conta das espessas sombras que lhes fecham o horizonte.
Quando não se quer mudar o mundo, privatiza-se o sonho modificando o cabelo, a roupa, a aparência. Quando não se ousa pichar muros, faz-se tatuagem para marcar no corpo sua escala de valores. Quando não se injeta utopia na veia, corre-se o risco de injetar drogas.
Não fomos criados para ser carneiros em um imenso rebanho retido no curral do mercado. Fomos criados para ser protagonistas, inventores, criadores e revolucionários.
Quando Hércules haverá de arrebentar as correntes de Prometeu e evitar que o consumismo prossiga lhe comendo o fígado? "Prometeu fez com que esperanças cegas vivam nos corações dos homens”, escreveu Ésquilo. De onde beber esperanças lúcidas se as fontes de sentido parecem ressecadas?
Parecem, mas não desaparecem. As fontes estão aí, a olhos vistos: a espiritualidade, os movimentos sociais, a luta pela preservação ambiental, a defesa dos direitos humanos, a busca de outros mundos possíveis.
Frei Betto é escritor, autor do romance "Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.http://www.freibetto.org- twitter: @freibetto.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
E o vento leva....
E a
moçada perde tempo....
Estive
ouvindo dois grandes roqueiros (guitarristas) de peso nesses dias.
Joe Satriani e Ingwie Malmsteen. Os caras são fenomenais. Excelente
som! Interessante é que quando se ouve a eles, a gente sente um
contentamento maravilhoso. E pensa na perda de tempo que a moçada
(mas não somente a moçada) comete. Ao ouvir uma ninharia de música
que os empresários e os marqueteiros interessados em dinheiro nos
querem empurrar “goela à baixo”, tal como forró, funk,
sertanejo, etc estamos nos privando do que temos (ou do que nos dão)
de melhor; a criatividade, o gênio humano, a música. Não que estas
músicas não sejam vindas do gênio humano, mas qual o critério
para ouvi-las?
Música é
um conjunto harmonioso de sons que nos despertam o espirito. Nos
torna livres, nos suaviza a alma. Música é a arte dos deuses, o
santo graal da sabedoria humana! E o critério que devemos tomar para
ouvi-la é a sabedoria, a beleza, o bom som, etc. Enfim, ouçam:
- Joe Satriani2) Ingwie Malmsteen
por Valdecir
Ximenes
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Jô Soares sobre o professor (a).....
O
professor está sempre errado!
Jô
Soares
O
material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Software
Livre na administração pública: uma proposta
Por
Valdecir Ximenes (usa Ubuntu)
No
ano passado tivemos a oportunidade de conhecer as propostas dos candidatos de
nosso município para a saúde, educação, segurança e em nenhum deles constava,
pelo menos não explicitamente, a efetiva informatização do poder público, por
vários motivos: desconhecimento da potencialidade da utilização do Software
Livre (SL), pouca relevância eleitoral (por que o povo não sabe/não conhece) e
mesmo ignorância funcional com relação à Informática/Computação dos
pleiteantes. O que texto que segue é uma motivação para que a atual gestão
adote a utilização do SL para customizar e otimizar a eficiência do poder
público municipal.
Sou
funcionário contratado pelo poder público municipal e de quando em vez o mesmo
requisita documentos de nós funcionários. O que ocorre é que tais documentos
(cópias) já deviam contar em um banco de dados pelo nosso quadro de pessoal que
trabalham na gestão para que não se precise ficar tirando cópias e mais cópias
de um mesmo documento (ou dos mesmos documentos). Bom, mais o que estou
querendo sugeri? Informatização, uso de SL, mas não somente. No geral, quero
sugeri a implantação e utilização de SL na informatização do poder público
municipal. Seguramente a atual gestão é conhecedora de que o uso de SL na
administração pública vem sendo amplamente adotado pelo Governo Federal e
também pelo Governo Estadual. E agora é uma boa pedida para que o Governo
Municipal siga pelo mesmo livre e elegante caminho, como muitas prefeituras vem
fazendo. Por exemplo, o Governo Federal vem adotando SL em muitos de seus
ministérios. Para o caso podemos exemplificar com a boa definição no portal do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão:
“O software livre é uma opção
estratégica do Governo Federal porque reduz custos, amplia a
concorrência, gera empregos e desenvolve o conhecimento e a inteligência do
país nessa área. ”(1)
Uma
das grandes iniciativas do Governo Federal foi a criação do Portal do Software
Público Brasileiro (PSPB) onde são disponibilizados centenas de softwares
livres que podem ser implantados em todas as esferas da administração pública
(federal, estadual e municipal) como também podem ser utilizados pela sociedade
em geral. Abaixo alguns softwares disponíveis no PSPB que merecem destaque e
uma pequena descrição de acordo com informações obtidas no próprio portal.
a) O uso da distribuição (distro)
Linux Educacional nas escolas públicas contempladas com
o Proinfo
b) a utilização da distro Linux
Pandorga também nas escolas públicas para ser usado por
crianças e pre-adolescentes;
c) o projeto Prefeitura Livre – no geral, é a
informatização das prefeituras com SL;
d) o i-Educar – software de gestão escolar
e) e-Cidade
– que destina-se a informatizar a gestão dos Municípios Brasileiros de forma conjunta,
contemplando a integração entre os entes municipais: Prefeitura Municipal, Câmara
Municipal, Autarquias, Fundações e outros.
f) etc.(2)
A
utilização de SL no poder público se torna bastante viável por vários motivos,
ou melhor dizendo, por causa de quatro princípios básicos:
1)
Legal
(não existe cópia ilegal de software);
2)
Político
(independência de fornecedor de software) ;
3)
Social
(compartilhar/socializar o conhecimento) ;
4)
Econômico
(não existe compra de licenças). E o melhor, existe pouca chance de vírus
infectar
o sistema e apagar/ocultar documentos importantes, como dados, registros,
protocolos, etc, levando em consideração que o poder público migre para o Linux.
No
que toca à relação Governo versus SL, o Governo Federal vem adotando
sistematicamente o uso de tecnologias de softwares open-source (código aberto)
em muitas de suas plataformas, como já citado acima. O mesmo disponibiliza todo
um conteúdo no PSPB, o que é muito louvável. O Governo Estadual tem implantado
o sistema operacional Linux (distro
Ubuntu) em muitos de seus departamentos, tais como secretarias, escolas
estaduais e Universidades. Muitas Prefeituras Brasil a fora estão adotando o SL
para informatizar suas gestões e com isso tem melhorado substantivamente a vida
de deus governados.
A
utilização/adoção do SL por parte da administração pública no Brasil é um
imperativo moral e por isso, mas não só por isso, deveria estar em um grau bem
mais avançado do que o atual, tendo em vista a qualidade dos softwares
disponíveis e o incentivo oferecido pelo próprio Governo Federal. E tendo em
vista que estamos vivendo a era da informação/informatização, não podemos ficar
“amarrados” em softwares proprietários que somente ajudam a atrasar e
atrapalhar as informações vitais ao bom funcionamento do/da poder/gestão
público/a .
Referências
(1). Revista Espírito Livre. Edição 40, Julho de 2012.
(2). Portal do Software Público Brasileiro
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