por Valdecir
Ximenes
Ele tinha sentido
uma coisa por ela. Só sabia que sentia e que era forte. Talvez até mais forte
do que ele pudesse suportar. Acontece com todo garoto na idade dele, com
dezessete anos de idade. Mas dessa vez, quando ele a viu, mesmo depois do troço
que ele sentia em todo o corpo, ele quis se aproximar. Só quis. Titubeou. Não
chegou junto. Pensou que em outra ocasião a abordaria, dessa vez com coragem
para fazê-lo.
Ela tinha vinte
anos, mas não parecia (e se parecesse, para ele não fazia diferença).
Menina-moça, jeito de muleca, cabeça feita como toda mulher segura de sua
beleza no mundo e que sabe o que quer. Madura, mas não tanto. Ele só entendia
que ela era perfeito enigma, de beleza e de mistério.
Ela gostava de muitas coisas que ele também apreciava até certo ponto; gostava
de dançar, sair, cantar, estudar, se divertir. Talvez gostasse de rock, samba.
MPB, só talvez. Mas é certo que era fissurada em Machado de Assis e Edgar Alan
Poe. Nada mais, talvez.
Ele era um rapaz
do interior, meio tímido. Amava rock (e todas as suas vertentes), mas não era um cara bitolado. Gostava de literatura, de cinema, de ciências. Tinha problemas, é certo, afinal
todo mundo tem. Ele era um cara descolado, saca?
Bem antes ele
tinha tentado uma aproximação com ela. Ela o quis, mas por um mistério que
envolve as mulheres, não deu chance pra ele àquela noite. Ela o despachou solenemente.
Ele quis saber
qual foi o erro na sua abordagem. Tentou equacionar alguma coisa, mas nada. Se
contentou em saber que um “fora” de uma garota daquela era o grande começo, o
começo de uma grande vitória. Era sim uma desculpa para se aproximar novamente.
Numa outra noite
ele a viu, hesitou um pouco e investiu. Estava ciente de que aquela linda
mulher também o queria de certo modo.
E foi.
Conversaram muito acerca de muitas coisas. Conversaram sobre a vida. Sobre
algumas coisas comuns tipo música. Aumentaram grandemente o interesse um pelo
outro. Sorriram, riram, dançaram, se divertiram juntos. E foi assim que um dia
se beijaram.
À meia-noite ela
pediu para sair sozinha. Pra algum lugar, retocar a maquiagem, talvez. Depois
ela voltou e veio abraçada de outro rapaz, o qual, disse ser o seu namorado.
Vai entender! A
vida tem dessas frustrações. Naquela
noite, pra ele, não deu mesmo samba.
Nem ao menos deu rock!
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