por Valdecir Ximenes
Como
veremos, ao dizer mimado, não digo se tratar de mimos, carinho e cuidados
excessivos dados pelos pais. Às vezes, eles nem dão tanto carinho assim.
Não é deste homem que falo! |
-Ai, tou cansado, gente. Diz um homem mimado
ali. – Esse sol tá acabando comigo, grita outro ali. – minha unha quebrou, meu
deus, diz um terceiro. E se esquecem de que nossos avós e pais trabalham (ou
trabalhavam) de sol a sol, noite e dia, semanas inteiras. Enfrentando sol,
chuvas e intempéries, poeira, calor, enfim as adversidades mais cruéis. E o
hoje os seus descendentes estão se tornando a geração de homens mimados que não
podem pegar uma poeirinha aqui que já adoecem. É uma geração do conforto, do
tudo pronto e que não precisa ralar para contornar dificuldades e legar aos
filhos a vida que nossos pais nos legaram. Se é difícil pra nós agora, imagina
pra eles!
O
orgulho de sermos nordestinos é o fato de superarmos as adversidades com
maestria. Contornamos obstáculos e superamos desafios que outras pessoas não
superariam com o mesmo empenho. Somos pessoas que enfrentam o império da
maldade e vencem o tirano da riqueza. Não podemos deixar que nos tornemos
pessoas mimadas a ponto de nos deixar vencer perante os problemas (pequenos) da
vida.
O
que ocorre é que cada vez mais as pessoas estão sendo habituadas a não
enfrentar as dificuldades ou outras vezes estas mesmas dificuldades estão sendo
entregues a nós de forma resolvida ou melhorada pelos nossos pais guerreiros e
antepassados que foram (e são) afeitos ao trabalho duro. Trabalho duro que os
homens mimados de agora estão cada vez mais se esquivando. Assim, quebrar a
unha é motivo de desânimo e justificada para não mais pegar no pesado.
Constato
a geração de homens mimados no nosso dia-a-dia. Quando eu era adolescente,
junto com outros da minha idade, jogávamos bola (como todo adolescente), só que
de um modo entusiástico. Era uma guerra no sentido de tínhamos gana pra jogar e
ganhar dos adversários. Era um racha parecido com um Curso Intensivo para uma
batalha pra ganhar um jogo (de brincadeira) que levávamos por demais a sério.
Agora é diferente.
Outro
dia jogando com a molecada percebi a geração de meninos mimados que são. Vivem
mortos de preguiça, não tem vontade, não têm entusiasmo. Se parecem com umas
donzelas. Parecem que têm medo de quebrar a unha, de dividir uma bola com o
colega, de chutar a bola com vontade pro gol. São igualmente mimados para o
estudo e evasivos (repulsivamente) para o trabalho. Quando adultos têm medo do
sol, da chuva, da poeira e de quebrar a unha. É a geração de meninos mimados
que serão os homens mimados (mais ainda) do futuro.
Francamente,
não estou defendo que eles tenham que sofrer para alicerçar a vida. Estou
defendendo que tenhamos o hábito e a educação de estarmos física e
psicologicamente preparados para as adversidades que, com certeza, nos
apresentarão. Dificilmente essa geração passa umas horas sem beber alguma. Mas
numa crise de água potável (já se tornando realidade) como poderão passar um
dia, dois dias ou semanas ou meses sem água?
A
vida é difícil pra caramba e não estamos percebendo isso. E com essa geração de
homens mimados que temos (e teremos), nunca percebermos a não ser quando a
adversidade vier bater na porta, mas eles terão preguiça de levantar para
abri-la.
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