por Valdecir Ximenes
Não Tite. Não existem soluções fáceis. Nem mesmo no Futebol! |
Eu
conheço o professor Antônio Marcos Souza da Costa. Viu, sei o nome
dele completo, mas aposto como ele não sabe o meu (risos). Não
importa.
O
meu amigo professor de Química Marcos Souza (é assim que ele
assina) é bem popular. Sempre quando falo com jovens que cursam
ensino médio o primeiro nome que citam logo de cara (dentre outros)
é o do professor Antônio Marcos. O chamam de:
-- “ele
é muito chato”, salienta outro.
-- “ele
é muito rigoroso, não deixa passar nada, mas é muito bom”,
coloca um terceiro.
E
por ai vai.
Aí
eu penso três coisas. Uma: que fico com inveja dele (no sentido bom
do termo), por ser um competente e habilidoso professor (de Química
ainda por cima) e um intelectual influente que sabe ser não um
professor de química mas um Professor de Química. Entendeu aí?
Segunda: eu sinto inveja (também no sentido bom do termo) dos alunos
que tem a felicidade – ou pelo menos a sorte grande -, de tê-lo
como professor. E terceira: o professor Marcos Souza é contra as
soluções fáceis. Aqui eu tenho que explicar.
-- "E para que serve essas fórmulas, professor?" |
Ele
é contra as soluções fáceis na vida e contra, notadamente, as
soluções fáceis nos estudos, por não existir caminho fácil para
nada e tampouco para o conhecimento.
Uma coisa que acontece
quase sempre. Seja na sala de aula, ensinando racismo e desigualdade,
seja nas contas de Física, Química ou Matemática, seja nos textos
sobre feminismo e privilégio.
Depois de uma longa
exposição de um problema complexo, alguém sempre pergunta:
-- “Tá, ok. Entendi. Mas e agora? O que fazemos? Qual é a solução?"
O carinha (ou a carinha) quer a solução fácil, pronta da coisa toda. Não quer pensar, estudar, pesquisar, aprender. Quer decorar e de forma o mais fácil possivel.
-- “o que vai cair na prova, professor?”. Indaga um, mas que é a pergunta que todos querem fazer.
Se o cara gostar de estudar e não gostar de soluções fáceis na vida (e nos estudos, por que o estudo é parte da vida) ele nem precisa perguntar o que vai “cair” na prova de Química ou Física ou Matemática. Por que ele já sabe, já aprendeu. E não precisa ser um nerd, um geek, um gênio, um “crânio” para conseguir isso.
E foi assim que o Marcos Souza aprendeu. Ele aprendeu com a vida a não querer soluções prontas e fáceis para nada. E também aprendeu com o curso de Química que a vida é dura e ela nunca vai ficar lhe devendo nada. A vida é uma via de mão única. E os cursos de ciências exatas (de humanas também, é verdade) não dão mole pra ninguém. São verdadeiras escolas de “realismo”: lhe mostram a dureza da vida. Ensinam que façamos as coisas, mas façamos da melhor maneira e de forma dura como o aço: “seja aço meu amigo”. A vida é um jogo de cartas em que ela sempre vence. E não adianta questionar as regras. Pelo menos, não as regras do jogo dela.
"Seja não o aço, mas diamante" |
Mas não é só. O professor Antônio Marcos é um
leitor/estudante contumaz. Tem o hábito de leituras diversas e de
melhores da literatura. O conheço bem. Tentei modestamente competir
com ele no quesito “quem ler mais e melhor” e fui derrotado em
todos os “rounds”. Em todos, menos um: eu já li “Os Irmãos
Karamazov” do Dostoiévski. E acho (pelo menos acho) que ele ainda
não o leu. Um ponto para mim. Mas só um. Mesmo que ainda acredite
que eu possa ganhar mais alguns pontos, eu espero.
E lanço o meu desafio: que sejamos todos que nem o professor Antônio (Marcos Souza). Sejamos leitores assíduos de tudo para que não acreditemos em soluções fáceis em nada na vida. E mais um outro: que ele já deve ter lido “Os Irmãos Karamazov” mas não sabe o meu nome ainda por completo!
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